Parece unanimidade quando se diz que gravidez e álcool não combinam. Algumas futuras mamães seguem a risca, outras abrem algumas exceções ("Ah! É Ano Novo", "É festa"...). No entanto, a exposição de crianças ao álcool ainda no útero pode trazer graves consequências.
Segundo o livro "Efeitos do álcool na gestante, no feto e no recém-nascido", coordenado por Conceição Aparecida de Mattos Segre, da Sociedade de Pediatria de São Paulo, múltiplos termos são usados para descrever os efeitos resultantes da exposição pré-natal ao álcool, entre eles estão:
-Espectro de desordens fetais alcoólicas: termo que descreve o grupo de efeitos que podem ocorrer no indivíduo cuja mãe bebeu álcool durante a gravidez. Esses efeitos incluem alterações físicas, mentais, comportamentais e/ou de aprendizado que se podem perpetuar por toda a vida.
-Síndrome alcoólica fetal: resulta do uso materno de álcool durante a gestação e caracteriza-se por restrição de crescimento, anormalidades neurocomportamentais e características faciais específicas. A confirmação do uso materno de álcool pode ou não ter sido documentada.
-Efeito alcoólico fetal: este termo descreve os defeitos congênitos (nascidos com o indivíduo) e desordens de neurodesenvolvimento relacionados ao álcool.
-Defeitos congênitos relacionados ao álcool: este termo descreve alterações físicas decorrentes da exposição pré-natal ao álcool incluindo malformações cardíacas, ósseas, renais, das orelhas e dos olhos.
-Desordens de neurodesenvolvimento relacionadas ao álcool: estão incluídos nesse termo alterações funcionais ou cognitivas relacionadas à exposição pré-natal ao álcool. Entre elas estão, de forma isolada ou combinada, as dificuldades de aprendizado escolar, controle dos impulsos, memória, atenção e/ou discernimento.
O quadro clínico mais grave é representado pela síndrome alcóolica fetal e os efeitos deletérios ao embrião e ao feto incluem alterações físicas, mentais, comportamentais e/ou de aprendizado que podem se perpetuar por toda a vida. Os indivíduos afetados muitas vezes têm problemas de memória, atenção, linguagem e audição. Têm dificuldades em solucionar problemas, conflitos com a justiça e risco de abuso de álcool e de outras drogas.
Características encontradas nas crianças expostas ao álcool no útero:
-Anomalias faciais: fissura palpebral pequena, ptose palpebral (queda da pálpebra superior), hemiface (uma das metades da face) achatada, nariz antevertido, filtro liso e lábio superior fino.
-Restrição de crescimento: baixo peso ao nascer, restrição de crescimento apesar da nutrição adequada e baixo peso relativo à altura.
-Alterações de desenvolvimento do sistema nervoso central: microcefalia, anormalidades estruturais do cérebro e outros sinais neurológicos.
-Anormalidades comportamentais inexplicáveis: incapacidade de leitura, fraco desempenho escolar, dificuldade de controle dos impulsos, problemas com a percepção social, dificuldade de linguagem, raciocínio abstrato pobre, habilidades prejudicadas e dificuldades de memória e de julgamento.
-Defeitos congênitos (incluídos, mas não específicos): defeitos cardíacos, deformidades do esqueleto e dos membros, anomalias anatômicas renais, alterações oftalmológicas, perda do ouvido e fenda labial ou do palato.
Toda grávida deve ter um acompanhamento médico, fazer o pré-natal e, após o nascimento, levar o bebê ao pediatra periodicamente.
Bibliografia - Livro "Efeitos do álcool na gestante, no feto e no recém-nascido", coordenado por Conceição Aparecida de Mattos Segre, Sociedade de Pediatria de São Paulo.
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